segunda-feira, 21 de setembro de 2009

(VII)

Tentamos manter uma capa de aparente bem estar perante os olhos dos que nos rodeiam mas a mesma não se mantem indefinitivamente. A noite é propícia para fazer cair esse disfarce. A escuridão persegue e encontra as nossas tristezas e faz com que estas nos assaltem a alma de forma inesperada e cruel. Sem nos aperecebermos, a noite faz despertadar medos, ansiedades, desejos... Felizmente não o consegue fazer todas as noites mas está sempre à espreita e quando menos esperamos ataca-nos de forma impiedosa. Quando nos deitamos e colocamos a cabeça na almofada à procura de descanso e conforto, basta uma hesitação, um pensamento para nos fazer afundar em tamanha tristeza. A insónia toma lugar ao sono tranquilo. Revivemos momentos, pensamentos, procuramos soluções e decisões. Após horas de introspecção uma única conclusão é tida em consideração. Somos seres carentes com uma constante necessidade de apoio, carinho e atenção. Procuramos um porto seguro. Seria muito mais fácil se não tivessemos essa necessidade, muitas vezes tomada como um defeito, uma fraqueza. Passamos a vida a tentar esconder essa necessidade. Cada vez mais. Como se gostar, querer, desejar fosse algo proibido. Imagens e sentimentos nos percorrem a mente. Lágrimas escorrem pelo rosto. A sensação de vazio, de desespero, de solidão. Sentimentos que resultam da procura de uma decisão... Somos seres insatisfeitos por natureza. Queremos sempre mais. Desejamos sempre mais. Não temos é muitas vezes a coragem de seguir esses desejos. Ter força para os tornar realidade, para os concretizar. Temos a tendência para nos acomodarmos. Por darmo-nos como satisfeitos por aquilo que involuntariamente nos é traçado. Tudo o que fazemos é resultado de sentimentos. Amor, ódio, paixão, tristeza, raiva, amizade,... sentimentos que nos conduzem a actos. Sabermos se nos estamos a guiar pelos correctos é impossível. Apenas sabemos que queremos mais.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

(VI)

Estou triste... Há dias assim! Dias em que acordamos e não temos vontade de nos levantar da cama. O nosso corpo parece um peso morto. Temos dificuldade em abrir os olhos e aceitar que a noite passou e a luz do dia nos espera. Não são dores físicas que nos fazem mergulhar em tamanha tristeza mas sim dores da alma. Passamos o dia num estado de dormência, de completa alienação de tudo o que nos rodeia. As pessoas falam connosco e limitamo-nos a ouvir. Os monossílabos que nos saem da boca são apenas para não termos que dar justificações do silêncio que procuramos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

(V)

Choro por desespero, não sei o que fazer. Sinto-me sozinha, abandonada por tudo e todos. Sensação de pura solidão. Ir ao fundo. Será que já lá cheguei? Onde fica esse fundo? Se não cheguei nem quero pensar no que o futuro me reserva. Mistura de sentimentos, de ilusões, de expectativas. Quando estamos no fundo em nada acreditamos, pensamos que nunca de lá vamos sair. É difícil ver a luz, ter esperança. As lágrimas escorrem-me pela face sem controlo. Não as consigo parar. Quero parar de chorar mas não consigo, é mais forte do que eu. Sinto alívio, uma forma de desacarregar a minha alma. Transformar tristeza em lágrimas. Quero limpar a minha alma desta inquietação que me persegue, que me corroi por dentro...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

(IV)

Acordar com um sorriso... Não são muitas as vezes que acontece mas a sensação não se esquece. Uma tranquilidade, uma felicidade que nos transporta para um lugar de onde não queremos sair. Sentir que tudo é perfeito, tudo está nos seus devidos lugares. Alcançar esse sorriso não é fácil.Existem tantas coisas na vida que nos fazem chorar e tão poucas as que nos fazem sorrir. Choro muitas vezes, mais do que as gostava de admitir. Critico-me muitas vezes por essa fraqueza. Uma fraqueza minha, que a escondo de tudo e todos. Sou egoísta. Não quero partilhar a minha tristeza. É um acto solitário, escuro, demasiado profundo para ser partilhado. Podemos deixar escapar momentos tristes aos olhos dos outros mas conhecemos o nosso íntimo e sabemos como a tristeza pode ser impiedosa e cruel. Sentimo-nos sozinhos. Ninguém nos compreende ou consegue perceber o que sentimos. Podem ouvir-nos, transmitir-nos palavras de afecto e aconchego mas ambos sabemos que é uma mera ilusão, uma tentativa para nos puxar do fundo. Pensamos como podem dar-nos conselhos se nunca sentiram, nunca viveram. Sim, acreditamos que os nossos sentimentos são únicos, nunca vividos por outros. E trata-se de uma verdade porque cada pessoa vive intensamente, disfruta de momentos que nos marcam e essa impressão é única. Não é possível viver um momento igual por duas pessoas diferentes. Cada um terá a sua história, a sua forma de contar, de sentir, de sofrer...Ao longo do tempo aprendi a exteriorizar sentimentos. A carga psicológica negativa de um passado que teimamos em guardar é muito forte. Como se fosse totalmente verdade... é mais um desejo. Gostava de exteriorizar facilmente sentimentos mas é uma tarefa, um processo demasiado complicado. Mas gosto desse meu mundo, só meu em que me perco entre as minhas tristezas...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

(III)

As relações são complicadas. Todo o tipo de relações são complicadas. Não são propriamente as relações que são complicadas mas sim as pessoas que dela fazem parte. Dizem que as pessoas complicam o que é simples. Existem uma certa verdade nisso embora as circunstâncias, o acaso e a sorte possam ter influência. Acreditamos nisso para não sentirmos o peso da responsabilidade. Atribuímos a culpa a tudo menos a nós próprios porque seria um fardo demasiado pesado para carregar. Não queremos ser responsáveis pelo mal que nos acontece. A verdade é que independentemente de tudo somos nós próprios que temos o poder de decidir, de tomar uma atitude, de seguir por este ou por aquele caminho. Não é tarefa fácil decidir o destino que muitos acreditam que já está definido. Saber se uma determinada escolha é a mais acertada. Não sabemos. Temos que acreditar que tomamos o passo correcto no sentido na nossa felicidade. É o que todos procuramos. É um caminho por vezes torturoso em que damos muitos passos para atrás mas depois há sempre um passo que nos dá alento, força para continuar essa cruzada. Um conflito gerado e travado dentro de nós. Por um lado a busca da felicidade por outro lado a responsabilidade dos nossos actos que é avalidada e criticada pela sociedade. Não vivemos sozinhos mas muitas vezes é o sentimento de solidão que nos assola de tal forma que nos sentimos perdidos no mundo. São momentos de angústia, de desassossego, melancolia e tristeza. Sentimentos que nos fazem sentir perdidos mas dos quais resultam uma introspecção profunda sobre o nosso papel nesta peça sem final definido.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

(II)

Escrever é um desabafo. As palavras que interpretam sentimentos e pensamentos são mais fáceis de escrever do que serem pronunciadas. Talvez porque escrever é um acto solitário em que despejamos a alma e tentamos com isso encontrar paz de espírito. Uma sintonia entre escrita e alma. É engraçado como pequenas coisas na vida nos fazem felizes. Um simples sorriso, um abraço, um carinho que embora tímido nos enche de alegria. Ver o mar, o pôr-do-sol, uma criança a brincar... momentos que fazem com que o tempo pare por segundos e acreditemos que tudo é perfeito. O mundo pára. Tudo à nossa volta deixa de existir e aquele momento ganha uma dimensão única. Passamos a vida a ter estes momentos mas não nos apercebemos muitas vezes deles ou não damos o verdadeiro valor. Apenas acontecem. Sentimos uma alegria, um bem-estar que nos fortalece. Recordar esses momentos que nos marcam é um exercício que devíamos fazer mais vezes porque nos ajudam a ultrapassar momentos menos bons. Um amigo uma vez aconselhou-me a fazê-lo, a reviver momentos que nos marcam, que gostamos, que nos fazem sorrir para assim ultrapassar aquela tristeza que nos ataca de tempos a tempos. Somos por natureza um povo melancólico, pessimista, agarrado em demasia ao passado e principalmente a tristezas. Todos temos dentro de nós um velho do Restelo. É mais fácil pensar e escrever sobre tristezas. Voltemos aos momentos felizes. É tão bom acordar com um sorriso nos lábios. Acordar e não pensar em nada. Talvez por isso o sorriso esteja lá! No fundo sabemos porquê...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não sei porque escrevo... Poucas vezes o fiz mas neste momento lembrei-me de o fazer. Não tenho jeito para escrever mas pensei ser uma alternativa a falar já que isso também pouco faço. Não sei porquê só sei que sou assim. Um dia mudo ou não. Tentar pôr por palavras pensamentos e sentimentos não é fácil e poucos o sabem fazer. Eu não sou uma dessas pessoas. A vida reserva-nos uma série de boas e más surpresas. É difícil encarar as dificuldades e avançar. Existem momentos em que pensamos que nada vale a pena mas são breves segundos nesse estado. Não podemos desistir. A vida é demasiado curta para perdermos tempo com pensamentos negros. Mas eles existem. Não podemos dar demasiada importância a coisas que nos deitam abaixo. Recentemente adoptei um lema de vida: viver um dia de cada vez. Não é fácil segui-lo mas não vou desistir. Temos que encarar a mudança como um desafio, uma oportunidade para ser feliz. A felicidade é subjectiva. Tudo o que fazemos tem esse objectivo: ser feliz. Não sei porque escrevo. Temos sempre tempo de fazer coisas que nunca fizemos mas temos vontade. É difícil ver e viver a vida de forma simples. Temos tendência a complicar o que é simples. Acho que o problema é darmos demasiada importância ao que os outros pensam de nós. Porquê? Vivemos em função dos outros. A vida é tão curta para vivermos a vida dos outros. Perceber isso é difícil. Tirar essa conclusão é difícil. Muitas vezes nem nos apercebemos disso. É claro que não vivemos sozinhos e as pessoas que nos rodeiam e que nos são próximas querem o nosso bem. Mas como podem elas aconselharem-nos a viver se elas próprias não o fazem. A vida acaba por ser uma ilusão. Pensamos todos que estamos a viver mas na realidade apenas existimos. Não sei porque escrevo mas estou a gostar. Li recentemente algo que dizia que era odioso as pessoas assumirem que nos conhecem quando na realidade nem nós próprios nos conhecemos. Concordo plenamente. Se analisarmos o nosso passado, todas as atitudes e decisões que foram tomadas percebemos que estamos sempre a mudar. Temos esse poder. Se juntarmos isso ao despertar e desejo de uma nova vida tudo é possível. Gostamos muito de nos agarrar ao passado e às coisas que damos como garantidas porque nos dá uma sensação de estabilidade, de segurança. Mas não serão essas mesmas coisas que nos impedem de sermos felizes? Que nos prendem como uma âncora no fundo? Impedem-nos de avançar, de procurar a felicidade que tanto temos direito. É claro que não somos todos infelizes e vivemos em constante tristeza e amargura. A procura da felicidade, daquele estado que nos sentimos bem connosco próprios e com os outros, que nos enche de alegria e o mundo pára... isso é o que eu procuro. Viver em constante felicidade. Sei que é uma utopia mas sonhar também faz parte de ser feliz!